Expirar e inspirar uma imagem mais positiva
Ambos os dias arrancaram da melhor forma com uma aula revitalizante de yoga com Inês Picciochi. A instrutora, formada pelo Centro Português de Yoga, partilhou a sua energia e conhecimento em duas sessões relaxantes que deram início aos dois dias do evento. “O yoga ajuda-nos a sentir e a perceber como estamos por dentro. Se não estamos bem por dentro, por fora nunca vamos estar bem”, afirmou Inês Picciochi.
Entre exercícios de respiração, a instrutora de hatha yoga defende que a prática desta modalidade pode ajudar as pessoas a reconectarem-se com a sua própria Beleza Real e até a aceitar a singularidade e imperfeições de cada um: “O lado direito nunca é igual ao lado esquerdo. E o dia de hoje não é igual ao de amanhã”, relembrou Inês. “É muito bonito ser diferente e singular, não é?”, questionou.
Quase duas em cada cinco mulheres abdicariam de um ano ou mais da sua vida para conseguir a aparência ou o corpo ideal.
Carolina Topa, uma advogada estagiária que participou na aula de yoga, confirmou: “Eu mesma era muito cética e, agora, consigo perceber que o yoga é uma prática muito introspetiva que nos ajuda bastante a conectar com o nosso corpo.” “É uma modalidade que se introduz no nosso dia a dia de forma muito sublime e não precisamos de perder assim tanto tempo. Aliás, uma hora já transforma bastante a nossa semana”, refletiu a participante de 23 anos.
Carla Silva também participou na aula de yoga e confessou que “o método consciente desta prática favorece toda a gente, sejam homens ou mulheres”. A arquiteta paisagista começou a praticar yoga no ano em que a Dove lançou a primeira campanha com mulheres reais e, duas décadas depois, acredita que a prática consciente e disciplinada da modalidade pode cultivar uma imagem positiva de nós mesmos. “O yoga ajuda-nos a sentir bem fisicamente e mentalmente, promovendo um bem-estar geral que se reflete na nossa autoestima”, concluiu.
Moldar a singularidade e a imperfeição
Ao longo dos dois dias, vários participantes celebraram os 20 anos de Dove Beleza Real com experiências únicas. Foram muitos os que deram asas à sua criatividade e descobriram o prazer de moldar com as mãos num workshop de cerâmica com a talentosa Catarina Bicker, do atelier MUFLA. “Nestes workshops, ensinámos a técnica da bola, em que cada pessoa criou a sua própria saboneteira personalizada. Estas peças foram personalizadas com cores e a icónica pomba da Dove, refletindo o espírito do evento”, explicou a ceramista.
Os participantes mergulharam na experiência para criar peças únicas com formas naturais e provar que mesmo as formas mais “imperfeitas” podem ser perfeitas — pela autenticidade, singularidade e beleza. “Não há duas peças iguais e cada pessoa tem o seu traço único. As peças transmitem um pouco de nós, mostrando que as imperfeições são, na verdade, perfeições únicas”, afirmou Catarina Bicker. “Umas com mais rugas, outras com menos. Umas com mais barriga, outras com menos. Mas, no fundo, são todas giríssimas”, acrescentou a ceramista.
Uma em cada quatro mulheres diz ser influenciada a realizar procedimentos estéticos para mudar a sua aparência, após ver os resultados desses procedimentos em influenciadoras.
“Foi muito engraçado porque, quando a Catarina nos mostrou aquilo que nós íamos fazer, pareceu superfácil. Depois, quando fomos nós a fazer, já era um bocadinho mais difícil. O barro ia começando a fazer fissuras e fomos aprendendo a gostar das imperfeições até chegar ao resultado final”, destacou a participante Inês Silva, que sempre desejou experimentar e aprender as técnicas da cerâmica manual. “Tenho a certeza de que todas as peças vão ser diferentes, apesar de termos todos começado com a mesma bola de barro”, reconheceu a artista de 26 anos.
Numa das oito sessões do workshop, uma das participantes até comentou que a sua criação tinha “muitas rugas” e questionou se isso não tornava a peça imperfeita. Catarina Bicker rapidamente respondeu com um sorriso: “A perfeição é chata. O perfeito é relativo. Aqui, celebramos as características únicas de cada peça, assim como as nossas próprias singularidades.” Num espírito de comunidade e aceitação mútua, foi assim que se honraram todas as formas e tamanhos no evento “20 anos de Beleza Real” da Dove.
Capturar a Beleza Real sem manipulações
Durante o fim de semana, todas as participantes do evento foram igualmente convidadas a fazerem sessões de retratos intimistas para revelarem o seu eu mais autêntico. Ficou nas mãos do fotógrafo Pau Storch capturar a essência genuína das mulheres, deixando de lado as manipulações. “A melhor foto é aquela que nos tiram quando não sabemos que estamos a ser fotografados. Isso significa que conseguimos captar a verdadeira essência e beleza da pessoa, sem filtros”, refletiu o fotógrafo que defende o genuíno em detrimento do manipulado.
Além de destacar a importância de aceitar a nossa própria imagem, Pau Storch enfatiza a necessidade de as pessoas se reconectarem com a sua Beleza Real. “Primeiro, estou a educar as pessoas a olharem para uma foto delas sem começarem a criticar-se. É o que a maior parte das mulheres que passa pelas minhas sessões fotográficas faz”, confessou em entrevista. “Se isto fizer com que as mulheres que passaram por aqui se olhem ao espelho de manhã e digam algo positivo sobre si, em vez de se criticarem negativamente, já fiz algo positivo”, adicionou Storch.
Seis em cada dez mulheres têm baixa autoestima.
Esta abordagem teve um impacto significativo na autoestima das participantes, como Nádia Andrade Furtado, de 37 anos, que nem sempre se sente confortável à frente da câmara. “Até vejo o desconforto que sentia ao estar a ser fotografada”, admitiu a olhar para o seu retrato final. “Claro que nós, mulheres, somos críticas e olhamos sempre para o que menos gostamos. Se esta fotografia fosse editada, provavelmente, estaria mais descansada, mas é esse caminho de aceitação que quero fazer hoje”, rematou a designer ao partilhar o retrato nas suas redes sociais.
“Podia escolher olhar para esta foto e guardá-la para mim porque acho o meu braço muito gordo. Mas escolho partilhá-la porque está plena da Beleza Real que se viveu este fim de semana no Jardim da Estrela”, lê-se numa publicação de Marta Quelhas, representante da Dove. Uma mensagem forte que reforça a importância de celebrarmos a verdadeira imagem, assumindo com respeito e amor-próprio as nossas formas, tamanhos, idades e expressões únicas.
Educar a autoestima dos adultos de amanhã
As psicólogas Filipa Mucha Vieira, Raquel Barbosa e Sandra Torres também marcaram presença nos dois dias do evento com workshops didáticos para pais e filhos. Mediante atividades interativas com bolas, painéis expositivos e uma roleta aleatória, o programa “Eu Confiante” incentivou os jovens a ganharem confiança e a perceberem os vários fatores que impactam negativamente a forma como se relacionam com a sua aparência.
“Ser diferente”, “fazer coisas engraçadas” e “ter várias qualidades” foram algumas das respostas que os mais pequenos deram quando questionados sobre a sua definição de beleza. “Acho que é importante que existam cada vez mais eventos que motivem as crianças a pensar positivamente sobre o seu corpo e a sua aparência”, partilhou a participante Maria Silva. Como mãe de dois rapazes — de 3 e 6 anos, respetivamente —, assumiu que ela própria tem de “desenvolver uma confiança corporal” para ajudar mais os seus filhos.
Três em cada quatro jovens concordam que as redes sociais têm o poder de os fazer querer mudar a sua aparência.
“Lembrem-se de que vocês são mais do que a vossa aparência! Valorizem as vossas qualidades, competências, aquilo que o vosso corpo consegue fazer e o que vos torna únicos. A beleza verdadeira está na diversidade e na autenticidade. Sejam gentis convosco mesmos e não se comparem aos padrões irreais que veem nas redes sociais. Amem e respeitem o vosso corpo, mesmo que identifiquem alguma característica que gostassem que fosse diferente. Vocês são únicos!”, motivou a psicóloga Sandra Torres.
Debater como manter a Beleza Real
No evento dos “20 anos de Beleza Real” da Dove ainda houve tempo para quatro conversas imperdíveis, divididas pelos dois dias, com moderação da atriz e psicóloga Carla Andrino. Sob o tema “Evolução da beleza: da geração Kate Moss à geração Billie Eilish”, a primeira talk no dia 29 de junho abordou a transformação dos padrões de beleza ao longo das décadas e contou com a presença de Patrícia Barnabé, jornalista, Ana Borges, ex-modelo e fundadora da Elite Portugal, Maria Seruya, artista, e Teresa Burnay, representante da Dove.
Ana Borges destacou a importância de celebrar a diversidade e a inclusão na indústria da moda: “Até hoje, houve uma evolução incrível. A primeira vez que eu vi uma capa com uma mulher negra, eu até fiquei comovida.” Já Patrícia Barnabé complementou, afirmando que os meios de comunicação têm um papel crucial em redefinir esses padrões e promover uma imagem mais inclusiva. “É possível usar a voz do jornalismo e a voz da moda para mudar um bocadinho as mentalidades”, refletiu a jornalista.
O segundo debate do dia intitulado “Beleza 4.0: a revolução da IA” recebeu em palco José Sobral, designer, Pau Storch, fotógrafo, Francisco Ascensão, CEO da SocialTalk, e Marta Quelhas, representante da Dove. Para debater como o surgimento da inteligência artificial (IA) constitui uma das maiores ameaças à Beleza Real, os palestrantes abordaram os desafios e oportunidades desta ferramenta.
Uma em cada três mulheres sente-se pressionada a alterar o seu aspeto devido ao que vê online, mesmo quando sabe que é falso ou gerado por IA.
“A IA tem o potencial de ajudar, ao oferecer recomendações personalizadas para cuidados com a pele, por exemplo. Temos de aproveitar o que a tecnologia tem para nos oferecer mas, claro, sempre promovendo a inclusão e diversidade”, avançou Francisco Ascensão. Marta Quelhas reforçou o compromisso da Dove em nunca usar IA para criar ou distorcer imagens de mulheres, destacando a importância de manter a autenticidade: “O nosso compromisso é com a Beleza Real. A IA deve ser uma ferramenta para inclusão, não para perpetuar estereótipos.”